sábado, 7 de janeiro de 2012

“Apareceu à bondade do Senhor”

Epifania do Senhor 08 de Janeiro 2012



“Apareceu à bondade do Senhor”



Liturgia:



Isaías 60,1-6



Salmo 71 (72),1-2.7-8.10-11.12-13

“As nações de toda a terra hão de adorar-vos ó Senhor”.



2a Leitura Efésios 3,2-3a.5-6



Evangelho de Mateus 2,1-12





      Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, celebramos hoje, na liturgia, a epifania do Senhor, isto é, a sua manifestação ou revelação como luz entre as trevas. Deus revela hoje a imensa bondade do seu amor à humanidade toda, simbolicamente representada pelos magos do Oriente. O amor de Deus revelado primeiramente aos pobres pastores vai se dilatando até alcançar o coração de todos os povos.



      Isso é motivo para ficar alegre e feliz. Por isso o profeta Isaías convida Jerusalém a levantar-se e acender suas luzes, para em seu seio, acolher o Senhor que é a sua luz. O Senhor será o centro da aliança e a luz das nações (Is 42,6) na cidade santa, que caminhava cambaleando entre os escombros após ser destruída pelos invasores estrangeiros. Nesse contexto, a cidade é comparada a uma mãe que chora ao ver seus filhos e filhas deportados como escravos. Mas agora que brilhou sobre ela a luz do Senhor, não pode permanecer humilhada entre as ruínas, mas deve levantar-se por que seus filhos e filhas já se aproximam carregando também eles seus próprios filhos no colo. Eles vêem de longe, atraídos pelo amor do Senhor que salva o seu povo. Começa a festa do amor. Quanta alegria, quanta emoção. O coração de todos bate mais forte que de costume. Há aqui uma troca de dons. O Senhor oferece seu amor e a humanidade oferece os dons mais preciosos da terra como o ouro, o incenso e a mirra (1a leitura).



      O cumprimento dessa profecia dá-se por ocasião da visita dos magos a Jerusalém depois de iniciarem uma longa aventura na fé, até ter encontrado o objeto da sua procura em Belém. Na verdade, os magos, mestres em astrologia, descobriram numa estrela, o nascimento de uma nova historia. “Os magos seguiram uma estrela e descobriram o Deus da história” (Homilia do Papa Bento XVI na missa da Epifania, 2012). Nada tinham a sua disposição senão a ciência dos astros. Mas Deus quis se servir de seus conhecimentos, para revelar a todos a verdade do seu amor sem fronteiras, ao admitir os pagãos à mesma herança e associa-los a mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho (2a leitura). Deixando suas seguranças, eles põem-se a caminho da nova vida que os atrai de forma irresistível. Não há como ignorar o calor do amor que se revela como vida e esperança da humanidade. Entrando em Jerusalém se perdem um pouco, sobretudo porque a luz não aquece a casa de Herodes nem o coração de Jerusalém. Finalmente podem sair e continuar sua procura e eis que vêem de novo a estrela e sentem uma alegria muito grande. O amor do Senhor aquece novamente seus corações. É o calor vital que os anima a continuar olhando para o lugar de onde Deus os ver e chama. Que bela é esta cena do encontro dos magos com o Senhor. Ao pensar nela, meu coração se enche de uma grande comoção interior. “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria sua mãe”. A vida está em casa. Diferentemente de Lucas, Jesus está em casa que aqui é símbolo da comunidade dos discípulos, chamada a acolher a todos e faze-los discípulos. Então eles lhe oferecem seus dons: Ouro, a sua realeza, o incenso a sua divindade e a mirra a sua humanidade já aludindo a sua paixão e morte. É no encontro com o Senhor que termina a aventura que iniciamos na fé.



      Pronto, o mistério escondido, foi agora revelado. Esse mistério é o amor de Deus por nós. Fomos atingidos por esse mistério que nos abriu o coração e a vida para sairmos do nosso individualismo e afirmar que Jesus veio para todos os povos em todos os tempos. Como discípulos missionários, somos chamados a ser epifania de Deus na Igreja, convocados pelo amor do Senhor “a fraternidade universal, ao diálogo ecumênico e ao anúncio da boa nova da salvação”.



Pe.Basílio J. Ilton Alves, O. Cist.

Monge Cisterciense.




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