terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Advento

História e Significado



Advento

 O período que abre o ano litúrgico da Igreja. Inicia-se no quarto domingo antes do Natal, isto é, “nas primeiras vésperas do domingo que sucede ao dia 30 de novembro ou o mais próximo desta data, e  termina antes das primeiras vésperas do Natal” (cf. Missal cotidiano. P.8).

É tempo de alegre espera, arrependimento, expectativa e preparação para a chegada de Cristo.

A verdadeira origem do advento é incerta e escassas são as notícias que chegaram até nós.



Elementos do advento:

1º celebra a vinda gloriosa de Cristo.

2º advento escatológico.

O advento é tempo litúrgico da Igreja ocidental. A Igreja oriental tem apenas poucos dias de preparação para o natal.

A notícia que temos do advento remonta ao século IV. “Da mesma forma que a festa da Páscoa, o Natal recebeu também um tempo de preparação, ao qual se deu o nome de advento (= vinda). Os primeiros indícios de uma preparação para o Natal, não o encontramos na liturgia romana, mas na Espanha e Gália”.  Em Roma aparecem os primeiros indícios de uma liturgia do advento em meados do século VI com São Gregório Magno. Contudo, “é fácil verificar que o conteúdo original do advento não era tanto a expectativa da vinda de Cristo no final dos tempos (Parusia), quanto propriamente a Encarnação e a preparação para a sua celebração litúrgica. De fato, a Encarnação como acontecimento histórico é o começo de nossa Redenção e a garantia de sua consumação na segunda vinda de Cristo” (Adolf Adam, in O Ano Litúrgico, p. 129-130).



Estrutura do Advento no Missal de Paulo VI



O advento consta de quatro domingos e é formado de dois períodos.

1º.   Do 1º Domingo do advento até 16 de dezembro, dá-se maior evidência ao aspecto escatológico e procura-se orientar as almas para a  espera da vinda gloriosa de Cristo.

2º.  17 de dezembro a 24, tanto na missa, quanto na liturgia das horas, todos os textos orientam-se mais diretamente a preparação do natal.



Três figuras emergem nesse tempo

1º - O profeta Isaías.

2º - João Batista.

3º - Maria.

 Isaías: Antiquíssima e universal tradição escolheu o texto a leitura de Isaías, porque nele, mas do que nos outros profetas, se encontra um eco da grande esperança que conforta o povo eleito durante os séculos duros e decisivos da sua história. Suas páginas constituem um anúncio de esperança perene para os homens de todos os tempos.



João Batista: é o último dos profetas que resume na sua pessoa e na sua palavra, toda a história anterior no momento em que desemboca no seu cumprimento. Ele é o sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo; como precursor de messias, tem a missão de preparar os caminhos do Senhor (cf. Isaías 40,3), de oferecer a Israel o “conhecimento da salvação” (Lc 1,77-78) e, sobretudo, de apontar Cristo já presente no meio do seu povo (Jo 1,29-34).

Neste tempo de advento, dá-se especial e feliz destaque, a figura de Maria por causa da sua cooperação no mistério da redenção. Mas é bom dizer logo de passagem, que não é justo chamar o advento de “mês de Maria”, exatamente pelo fato de ser este tempo essencialmente celebração do mistério do Senhor, da sua vinda, mistério a que se acha ligada a cooperação de Maria no cumprimento da história da salvação com sua realização total e plena no Cristo senhor. Em Maria Imaculada, Deus nos deu “as primícias da Igreja, esposa de Cristo sem ruga e sem mancha, resplandecente de beleza” (prefácio da Imaculada Conceição).



Teologia do advento



O advento lembra antes de tudo a dimensão histórico-sacramental da história da salvação. O Deus do advento é o Deus da historia, o Deus que veio plenamente para a salvação do homem em Jesus de Nazaré, em quem se revela a face do Pai (Jo 14,9).

O advento é o tempo litúrgico em que se evidencia fortemente a dimensão do mistério cristão (1 Ts 5,9; 1 Pd 1,5; 1Cor 1,8; 5,5; At 10,40-42.

A Igreja na sua peregrinação terrena vive a tensão do já da salvação realizado em Cristo e o ainda não da sua plena manifestação na volta do Senhor, juiz e salvador.

O advento reacende também o compromisso missionário da Igreja e de todo o cristão para o advento do reino de Deus. A missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações, “é essencialmente baseada no mistério da vinda de Cristo, enviado pelo Pai; sobre a vinda do Espírito Santo, mandado pelo Pai e pelo (ou ‘para o’) Filho”.

A Espiritualidade do Advento



         A comunidade cristã, com a liturgia do advento, é chamada a viver algumas atitudes essenciais à expressão evangélica da vida: a espera vigilante e jubilosa, a esperança e a conversão. Mas a atitude da esperança adquire um sentido todo especial, porque é a atitude que assume a Igreja esposa de Cristo, enquanto espera o seu glorioso esposo, até a vinda do seu Senhor em seu advento no final da história. A esperança caracteriza, portanto a Igreja e o cristão, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa que em Cristo manifestou toda a sua fidelidade ao homem (cf. 2Cor 1,20). No advento, a Igreja vive a espera de Israel em níveis de realidade e manifestação definitiva da realidade que é Cristo. Agora vemos “como num espelho”, mas virá o dia em que “veremos face a face” (1 Cor 13,12). A Igreja vive essa esperança na vigilância e na alegria. Por isso reza: “Maranathá: Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,17-20). O advento celebra o “Deus da esperança” (Rom 15,13) e vive a alegre esperança (Rom 8,24-25). O canto que se caracteriza esse tempo é o do salmo 25: “A ti, Senhor, eu me elevo, ó meu Deus. Eu confio em ti, que eu não seja envergonhado, que meus inimigos não triunfem contra mim! Os que esperam em ti, não ficarão envergonhados”. Deus que entra na história põe o homem em causa e o questiona. A vinda de Deus em Cristo requer conversão contínua e permanente. A novidade do Evangelho, que se destaca com grande força neste tempo, é o da conversão como convite a acolher a Luz que é Cristo, o que exige de cada um, estar atento e acordado (Rom 13,11-14), decidido a ir ao encontro do senhor, quando ressoar sua voz como convite, a exemplo das cinco virgens prudentes que conservaram suas lâmpadas com óleo. Enquanto dormiam, seu coração estava vigilante. A voz do Senhor foram despertadas e quanta alegria e festa.



O Advento educa para viver a atitude dos ‘pobres de javé', ’mansos, humildes, disponíveis, e que Jesus proclamou bem-aventurados (cf. Mt 5,3-12).



PASTORAL  LIRTÚRGICA



 A pastoral do advento, não ignorando que este período, na nossa sociedade industrial e consumista, coincide com o lançamento comercial da ‘operação natal’, justamente por isso, deve comprometer-se a transmitir os valores e as atitudes que estejam de acordo com a visão escatológica transcendental da vida. O advento, com sua mensagem de espera e de esperança diante da vinda do Senhor, deve formar comunidades cristãs e crentes individualmente que se proponham como sinais alternativos para uma sociedade em que as áreas do desespero parecem mais vastas do que as da fome e do subdesenvolvimento. Uma verdadeira tomada de consciência da dimensão escatológica e transcendente da vida cristã deve aumentar em cada um o desejo e o compromisso missionário com a “redenção da história e a preparação através do serviço aos homens aqui na terra, considerando-a a matéria para o reino dos céus. Na verdade, Cristo, com a força do Espírito Santo, age e opera no coração dos homens, não só para suscitar o desejo do mundo futuro, como para inspirar, purificar e fortalecer o compromisso com a finalidade de tornar mais humana à vida terrena” (GS 38).

          Se a liturgia do advento for iluminada por essa luz e perspectiva teológicas, os cristãos serão mais enriquecidos e estimulados a “construir comunidades que saibam ser a alma do mundo”.

(Resumo do Dicionário de Liturgia, in.Ed. Paulinas/Paulista. 1992).

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Deus visita seu povo como Pai e Redentor

1º Domingo do Advento – Ano B – 2011



Deus visita seu povo como Pai e Redentor



Isaías  63.16b-17.19;64,2b-7

Salmo 79,2ac3b.1516.17.18.19

Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos, para que sejamos salvos!

1Cor 1,3-9

Marcos 13,33-37



Iniciamos o tempo do advento como tempo de preparação para o natal do Senhor e início do novo ano litúrgico. Durante quatro semanas, a liturgia própria deste tempo nos convida a abrir o nosso coração, para que, sejamos dóceis aos apelos do Espírito Santo que continuamente convida toda a Igreja a uma atitude permanente de conversão.



A primeira leitura nos mostra o povo eleito no exílio da Babilônia, onde reconhece e confessa o seu pecado diante de Deus, pai e redentor. Deus é para o povo exilado, o pai bondoso e rico em misericórdia. Ele é o divino oleiro. Em sua presença somos barro, isto é, matéria prima com a qual molda o homem e a sua mulher a sua própria imagem e semelhança. “Por isso, nossa identidade não pode prescindir da sua fisionomia”. Diante da eterna pergunta que nos fazemos porque ele tolera nossa liberdade rebelde, brota como que espontaneamente uma prece cheia do desejo de Deus: “Ah, se rompesses os céus e descesses! As montanhas se derreteriam diante de ti. Descestes, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti” (v.19b e 642b). O advento é o tempo de gestação da esperança. Deus não frustrou a esperança de seu povo no exílio, mas foi ao seu encontro e o libertou. Todavia, muitos outros sofrimentos se abaterão sobre Israel, sem, todavia, Deus deixar de agir. A palavra dos profetas é uma voz que anima e conforta. Porém, será na plenitude dos tempos que as nuvens se romperão e como chuva, descerá a terra o salvador e redentor Jesus, nascido de mulher, sujeito a lei, para remir os que estavam sujeitos à lei (Gálatas 4,4-5).

O evangelho de Marcos, narra à parábola de um homem que viaja para o estrangeiro e deixa sua casa sob a responsabilidade de seus empregados. A parábola é um convite a todos, inclusive, aos discípulos: “Cuidado! Ficai atentos,...”. Sim, o dono da casa parte em viagem, mas não antes de confiá-la aos cuidados dos seus empregados, aos quais distribui tarefas variadas. Podemos imaginar como é bom o dono dessa casa. Ele confia em cada um dos seus empregados e como o homem da parábola dos talentos, confia a cada um deles, responsabilidades, segundo a capacidade de cada um. Mesmo o porteiro, que não trabalha no interior da casa, mas que tem igual responsabilidade, ele ordena: “Vigiai”. “Porque não sabeis quando dono da casa virá”. Refletindo esse texto evangélico, ele me faz perceber a ternura do dono da casa ao se despedir de cada um deles como se fosse um irmão. E é isso que ele é mesmo. Por isso, não posso deixar de ver que os irmãos que ficam o acompanham até a porta e, da porta e janelas da casa, o veem partir, enquanto lhe acenam com um até breve. Esse gesto bonito leva o Senhor a repetir a mesma palavra do início: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”. Sem dúvida, a vigilância não é atitude de ociosidade, mas de operoso trabalho. A casa do Senhor, é a sala onde se espera por ele trabalhando, celebrando o amor e a reconciliação. Essa casa com uma grande sala é a Igreja. Os empregados, somos todos os discípulos missionários, chamados a proclamar a justiça e a bondade de Deus e com alegria, testemunhar Jesus Cristo como a verdadeira vida dos povos e nações. O porteiro pode ser uma imagem dos que na Igreja, casa e escola da comunhão (D. A.), tem a missão de coordenar as várias tarefas e ministérios nas comunidades eclesiais, sob a presidência do santo padre o Papa.

Finalmente, o Apóstolo Paulo, agradece a Deus com fervorosa prece pelos cristãos de corinto, que foram enriquecidos em Cristo com a Palavra e o conhecimento do Evangelho. Apoiados nele e na sua palavra, cresceremos na perseverança e numa vida correta aos olhos de Deus e do mundo.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Ser luz para testemunhar Cristo

III Domingo do advento – Ano B








Leitura do Livro do profeta Isaías: 

1O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; 2apara proclamar o tempo da graça do Senhor. 
10Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija--se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas joias. 
11Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.


— A minh’alma se alegra no meu Deus. 
— A minh’alma se alegra no meu Deus. 

— A minha alma engrandece ao Senhor,/ e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador,/ pois ele viu a pequenez de sua serva,/ desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
— O Poderoso fez por mim maravilhas./ E Santo é o seu nome!/ Seu amor, de geração em geração,/ chega a todos que o respeitam. 
— De bens saciou os famintos,/ e despediu os ricos sem nada./ Acolheu Israel, seu servidor,/ fiel ao seu amor.


Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: 

Irmãos: 16Estai sempre alegres! 
17Rezai sem cessar. 
18Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. 
19Não apagueis o espírito! 
20Não desprezeis as profecias, 21mas examinai tudo e guardai o que for bom. 
22Afastai-vos de toda espécie de maldade! 
23Que o próprio Deus da paz nos santifique totalmente, e que tudo aquilo que sois — espírito, alma e corpo — seja conservado sem mancha alguma para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! 
24Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.
— O Senhor esteja convosco. 
— Ele está no meio de nós. 
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz. 
19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?”
20João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 
21Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. 
22Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?”
23João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías. 
24Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”
26João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 
28Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. 



Queridos irmãos e irmãs, entramos na terceira semana do advento, o tempo da espera alegre pela vinda do messias salvador. Com alegria proclamamos: “Ele está no meio de nós”. A certeza da sua presença enche o universo e os corações humanos de uma grande alegria, pois, nele, nos reconhecemos filhos amados do Pai. Essa alegria que brota da fé, nos estimula a sermos “missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo” (D. A. 103).

As leituras bíblicas deste domingo nos orientam para o verdadeiro sentido da alegria que deve cultivar os discípulos missionários. A experiência do pecado e suas consequências, entre elas, a amargura e tristeza que o povo eleito sentiu por ter se afastado de Deus, o fez perceber que sem a reconciliação, não seria possível recuperar a alegria. Essa alegria começa a brotar, a partir do anúncio profético de que Deus perdoa o seu povo amado e, Ele mesmo, em seu amor misericordioso, se coloca no meio de sua situação de dor como “Pai e redentor”, pois, sendo ele o “Divino oleiro”, dará uma nova forma aos seus amados filhos que somos barro em suas mãos(1ª leit. I Domingo do advento, B) e os modelará segundo o seu coração, para que “sejam luz entre as nações”. Desse modo, Deus assume lutar e combater a favor de Israel, como quando do primeiro êxodo. Um novo e segundo êxodo acontecerão dentre em breve e ele se mostrará como pastor que carrega as ovelhas frágeis em seus ombros e, colocando-se atrás, tange as ovelhas mães, que provavelmente se encontram machucadas, cansadas e abatidas. Tudo isso está para acontecer. Os perigos do deserto e dos montes já não representam obstáculos à vitória do amor.

A 1ª leitura do profeta Isaías se situa após o 2º êxodo. De volta à palestina, os israelitas percebem que a realidade é bem diferente. Mas não deixam de confiar na profecia daquele profeta que surgiu entre eles cheio do Espírito de Deus para anunciar a boa nova da liberdade da vida e da esperança e para proclamar o ano da graça de Deus. Sua profecia não é um fiasco, mas augúrio de um novo tempo, isto é, o tempo do messias redentor. Com sua chegada, será plenamente restabelecida a paz e a reconciliação. Antecipando a alegria desse momento, o profeta (3º Isaías), exulta de alegria no Senhor, e revestido com as vestes núpcias, aguarda na alegre esperança, a vinda do Salvador, pois, sua firme esperança se apoia na certeza de que Deus realiza sua obra, como “a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações” (v.11). A esperança na fidelidade de Deus o leva a cantar um belo magnificat que, depois, será entoado nas montanhas da Judéia pela virgem Maria. Sua fé o leva a crer que Deus virá em primeiro lugar para os que nele esperam, isto é, os pobres e os humildes da terra.



Queridos irmãos e irmãs, a liturgia deste domingo, também chamado de “Gaudete” por causa do forte e insistente apelo para esperar o Senhor na alegria, nos faz perceber na simbologia deste tempo, o sentido da espera como vigilância alegre. Os paramentos rosa, ou “róseo” que hoje podem ser usados, significam que nosso coração está alegre pela proximidade da chegada do Senhor. Hoje também se acende a 3ª vela da coroa do advento (vela rosa). A coroa em sua forma circular representa a eternidade. Nosso coração se alegre até que essa alegria seja plena no eterno convívio com o Senhor.

O evangelista são João, no início do seu evangelho, nos apresenta a figura profética de João Batista como uma testemunha da luz. João vivia num ambiente hostil e indiferente ao plano de amor salvador do Pai. Por isso, opta por levar uma vida despojada que contrasta com a daquela que vive o povo nos centros urbanos, vencidos pelo consumismo. Sua figura causa até espanto nos que o veem. Vê-se assim que, sua opção de vida se converte num sinal de abertura da vida e do coração para reconhecer e acolher o Senhor que já está no meio do povo, mas ainda é um desconhecido. Se tríplice é a missão de Jesus e de cada batizado, tríplice é também a missão de João Batista, “dar testemunho da luz” (v. 7.8), para que “todos cheguem à fé por meio dele” (v.7). Mas todos sabem que dar testemunho da luz num mundo onde impera as trevas não é uma tarefa fácil, haja vista a oposição que há entre luz e trevas. Exemplo disso é quando, há fortes tempestades em época de fortes chuvas. As fortes descargas elétricas que atingem os geradores de eletricidade faz com que as cidades abastecidas por uma determinada rede, caiam no apagão. Nesse momento é hora de trabalho reforçado dos técnicos para restabelecer a luz o quanto antes. Eles mesmos, correndo perigos, entram em ação. Do mesmo modo, os cristãos devem testemunhar a luz de Cristo num mundo onde ainda há muitas trevas, entre elas, a descrença e a falta da necessidade de Deus. Essa é a luta que o precursor enfrenta com os líderes religiosos do judaísmo que enviam a João Batista sacerdotes e levitas para certificar-se de sua identidade e missão que, em conluio com os fariseus, insistem junto a João Batista para que defina sua verdadeira identidade. Na verdade, o que está por trás de tal preocupação é a inveja e ao mesmo tempo o peso de consciência por não terem cumprido com a missão que tinham de levar o povo a reconhecer a chegada do Senhor. João se declara a “voz” que grita no deserto, conforme havia anunciado o profeta Isaías. Ele não é nem o messias, nem Elias, nem o grande profeta anunciado por Moisés. É apenas a “voz que grita no deserto: aplainai o caminho do Senhor” (v.23). “Ele não é a luz do mundo que é Jesus, mas apenas uma luz provisória. Seu batismo não é propriamente uma atuação escatológica, mas um sinal que aponta para o enviado de Deus, o qual está desconhecido no meio do mundo”. Sua mensagem é para que sejamos capazes de descobrir essa luz já presente através da conversão do conversão e de uma vida modesta. É preciso agora tomar uma decisão diante da sua pregação. A pregação provoca o arrependimento e a conversão e daí brota o testemunho. João apontará mais tarde Jesus luz do mundo, como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Em relação a ele, é o amigo do esposo. Por isso, não se considera digno de “desamarrar a correia de suas sandálias”. João não pode assumir o lugar do messias, por isso mesmo, não se acha em condições de desamarrar as sandálias dele, por que o reino por ele anunciado pertence a Jesus luz do mundo. O testemunho de João como voz nos ensina que toda a sua vida foi uma mensagem de anúncio da chegada do reino. Reconhecido e acolhido como luz entre as trevas, Jesus traz alegria e paz aos corações. Testemunhar a luz de Cristo no mundo através do amor e da compaixão, é a missão do discípulo missionário. Ninguém vai querer se entusiasmar pela missão de Jesus se os que já a assumiram, são pessoas tristes e sentem derrotadas. A alegria cristã é sinal da vitória do amor de Deus na vida e na história.



Por isso, Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses os exorta: “estai sempre alegres”! “A alegria é um dos sinais característicos da presença do Espírito de Deus no coração do homem”. Ela nasce da oração – “rezai sem cessar” (v. 16), da abertura do coração ao sopro e apelos do Espírito e de uma vida correta e honesta. Os cristãos que cultivam essa alegria reacendem cada dia a chama da fé e, sua vida se transforma em profecia quando deixam de fazer o mal e trabalham pelo bem. A comunidade que cresce cultivando esse ideal cresce na santidade e na fidelidade ao Senhor. Alegrai-vos!

A Luz de Cristo já brilhou sobre nós. Ela continua acesa ainda. Não a deixemos apagar. Das nossas comunidades cristãs, a luz do Senhor deve irradiar amor, acolhida, alegria e paz. Esse é o primeiro passo que deve dar uma comunidade no trabalho da evangelização. Sem esse testemunho encarnado, não há como mostrar Cristo aos homens, mulheres jovens e crianças do nosso tempo. Alegrai-vos!