História e Significado
Advento
O período que abre o ano litúrgico da Igreja. Inicia-se no quarto domingo antes do Natal, isto é, “nas primeiras vésperas do domingo que sucede ao dia 30 de novembro ou o mais próximo desta data, e termina antes das primeiras vésperas do Natal” (cf. Missal cotidiano. P.8).
É tempo de alegre espera, arrependimento, expectativa e preparação para a chegada de Cristo.
A verdadeira origem do advento é incerta e escassas são as notícias que chegaram até nós.
Elementos do advento:
1º celebra a vinda gloriosa de Cristo.
2º advento escatológico.
O advento é tempo litúrgico da Igreja ocidental. A Igreja oriental tem apenas poucos dias de preparação para o natal.
A notícia que temos do advento remonta ao século IV. “Da mesma forma que a festa da Páscoa, o Natal recebeu também um tempo de preparação, ao qual se deu o nome de advento (= vinda). Os primeiros indícios de uma preparação para o Natal, não o encontramos na liturgia romana, mas na Espanha e Gália”. Em Roma aparecem os primeiros indícios de uma liturgia do advento em meados do século VI com São Gregório Magno. Contudo, “é fácil verificar que o conteúdo original do advento não era tanto a expectativa da vinda de Cristo no final dos tempos (Parusia), quanto propriamente a Encarnação e a preparação para a sua celebração litúrgica. De fato, a Encarnação como acontecimento histórico é o começo de nossa Redenção e a garantia de sua consumação na segunda vinda de Cristo” (Adolf Adam, in O Ano Litúrgico, p. 129-130).
Estrutura do Advento no Missal de Paulo VI
O advento consta de quatro domingos e é formado de dois períodos.
1º. Do 1º Domingo do advento até 16 de dezembro, dá-se maior evidência ao aspecto escatológico e procura-se orientar as almas para a espera da vinda gloriosa de Cristo.
2º. 17 de dezembro a 24, tanto na missa, quanto na liturgia das horas, todos os textos orientam-se mais diretamente a preparação do natal.
Três figuras emergem nesse tempo
1º - O profeta Isaías.
2º - João Batista.
3º - Maria.
Isaías: Antiquíssima e universal tradição escolheu o texto a leitura de Isaías, porque nele, mas do que nos outros profetas, se encontra um eco da grande esperança que conforta o povo eleito durante os séculos duros e decisivos da sua história. Suas páginas constituem um anúncio de esperança perene para os homens de todos os tempos.
João Batista: é o último dos profetas que resume na sua pessoa e na sua palavra, toda a história anterior no momento em que desemboca no seu cumprimento. Ele é o sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo; como precursor de messias, tem a missão de preparar os caminhos do Senhor (cf. Isaías 40,3), de oferecer a Israel o “conhecimento da salvação” (Lc 1,77-78) e, sobretudo, de apontar Cristo já presente no meio do seu povo (Jo 1,29-34).
Neste tempo de advento, dá-se especial e feliz destaque, a figura de Maria por causa da sua cooperação no mistério da redenção. Mas é bom dizer logo de passagem, que não é justo chamar o advento de “mês de Maria”, exatamente pelo fato de ser este tempo essencialmente celebração do mistério do Senhor, da sua vinda, mistério a que se acha ligada a cooperação de Maria no cumprimento da história da salvação com sua realização total e plena no Cristo senhor. Em Maria Imaculada, Deus nos deu “as primícias da Igreja, esposa de Cristo sem ruga e sem mancha, resplandecente de beleza” (prefácio da Imaculada Conceição).
Teologia do advento
O advento lembra antes de tudo a dimensão histórico-sacramental da história da salvação. O Deus do advento é o Deus da historia, o Deus que veio plenamente para a salvação do homem em Jesus de Nazaré, em quem se revela a face do Pai (Jo 14,9).
O advento é o tempo litúrgico em que se evidencia fortemente a dimensão do mistério cristão (1 Ts 5,9; 1 Pd 1,5; 1Cor 1,8; 5,5; At 10,40-42.
A Igreja na sua peregrinação terrena vive a tensão do já da salvação realizado em Cristo e o ainda não da sua plena manifestação na volta do Senhor, juiz e salvador.
O advento reacende também o compromisso missionário da Igreja e de todo o cristão para o advento do reino de Deus. A missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações, “é essencialmente baseada no mistério da vinda de Cristo, enviado pelo Pai; sobre a vinda do Espírito Santo, mandado pelo Pai e pelo (ou ‘para o’) Filho”.
A Espiritualidade do Advento
A comunidade cristã, com a liturgia do advento, é chamada a viver algumas atitudes essenciais à expressão evangélica da vida: a espera vigilante e jubilosa, a esperança e a conversão. Mas a atitude da esperança adquire um sentido todo especial, porque é a atitude que assume a Igreja esposa de Cristo, enquanto espera o seu glorioso esposo, até a vinda do seu Senhor em seu advento no final da história. A esperança caracteriza, portanto a Igreja e o cristão, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa que em Cristo manifestou toda a sua fidelidade ao homem (cf. 2Cor 1,20). No advento, a Igreja vive a espera de Israel em níveis de realidade e manifestação definitiva da realidade que é Cristo. Agora vemos “como num espelho”, mas virá o dia em que “veremos face a face” (1 Cor 13,12). A Igreja vive essa esperança na vigilância e na alegria. Por isso reza: “Maranathá: Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,17-20). O advento celebra o “Deus da esperança” (Rom 15,13) e vive a alegre esperança (Rom 8,24-25). O canto que se caracteriza esse tempo é o do salmo 25: “A ti, Senhor, eu me elevo, ó meu Deus. Eu confio em ti, que eu não seja envergonhado, que meus inimigos não triunfem contra mim! Os que esperam em ti, não ficarão envergonhados”. Deus que entra na história põe o homem em causa e o questiona. A vinda de Deus em Cristo requer conversão contínua e permanente. A novidade do Evangelho, que se destaca com grande força neste tempo, é o da conversão como convite a acolher a Luz que é Cristo, o que exige de cada um, estar atento e acordado (Rom 13,11-14), decidido a ir ao encontro do senhor, quando ressoar sua voz como convite, a exemplo das cinco virgens prudentes que conservaram suas lâmpadas com óleo. Enquanto dormiam, seu coração estava vigilante. A voz do Senhor foram despertadas e quanta alegria e festa.
O Advento educa para viver a atitude dos ‘pobres de javé', ’mansos, humildes, disponíveis, e que Jesus proclamou bem-aventurados (cf. Mt 5,3-12).
PASTORAL LIRTÚRGICA
A pastoral do advento, não ignorando que este período, na nossa sociedade industrial e consumista, coincide com o lançamento comercial da ‘operação natal’, justamente por isso, deve comprometer-se a transmitir os valores e as atitudes que estejam de acordo com a visão escatológica transcendental da vida. O advento, com sua mensagem de espera e de esperança diante da vinda do Senhor, deve formar comunidades cristãs e crentes individualmente que se proponham como sinais alternativos para uma sociedade em que as áreas do desespero parecem mais vastas do que as da fome e do subdesenvolvimento. Uma verdadeira tomada de consciência da dimensão escatológica e transcendente da vida cristã deve aumentar em cada um o desejo e o compromisso missionário com a “redenção da história e a preparação através do serviço aos homens aqui na terra, considerando-a a matéria para o reino dos céus. Na verdade, Cristo, com a força do Espírito Santo, age e opera no coração dos homens, não só para suscitar o desejo do mundo futuro, como para inspirar, purificar e fortalecer o compromisso com a finalidade de tornar mais humana à vida terrena” (GS 38).
Se a liturgia do advento for iluminada por essa luz e perspectiva teológicas, os cristãos serão mais enriquecidos e estimulados a “construir comunidades que saibam ser a alma do mundo”.
(Resumo do Dicionário de Liturgia, in.Ed. Paulinas/Paulista. 1992).