domingo, 4 de setembro de 2011

XXIII Domingo do Tempo Comum

Profecia e anúncio do amor
                              
         Queridos irmãos (ãs), a liturgia do domingo passado nos convidava a participar do mistério da cruz do Senhor para nela, dar testemunho de fidelidade a Deus e amor aos irmãos.

         Hoje, XXIII DTC, a liturgia nos convida a “OUVIR, HOJE, A VOZ DE DEUS” (refrão do salmo responsorial). E o que nos diz hoje a voz do Senhor?

         Olhando com atenção os textos bíblicos, se percebe a íntima correlação que existe entre eles, dos quais, podemos destacar como mensagem central, o tema da “profecia como anuncio do amor”. O testemunho de uma autêntica profecia passa pela cruz. Os profetas, do passado e do presente, experimentaram na cruz o único modo de fazer da própria vida uma profecia.

         A primeira leitura da profecia de Ezequiel nos ensina que, a missão do profeta se fundamenta no amor do Senhor para com o seu povo. Ele, o Senhor, “não tem prazer com a morte do ímpio; mas antes, na sua conversão, em que ele se converta do seu caminho e viva”. Por isso, a missão do profeta é de vigia e sentinela da casa de Israel. O profeta é, portanto, a consciência crítica no meio do seu próprio povo. Cabe a ele, dar o alerta diante do perigo. De qual perigo trata o texto? Evidentemente que, do desprezo da Palavra de Deus. Por isso, a missão profética é de enorme responsabilidade. A vida de um povo depende da sua fidelidade à missão que recebeu. Por isso, em primeiro lugar, ele deve “ouvir como discípulo” (Isaias 50,4), a fim de que, possa perceber os caminhos através dos quais o Senhor quer conduzir seu povo. O compromisso assumido em nome do Senhor, para uma missão de salvação, o faz perceber, o quanto, em parte, ele é responsável pelo destino dos irmãos. Tal, responsabilidade, porém, cessa, quando ele não é ouvido. Ele, portanto, é o filho do homem, expressão que quer dizer, um irmão, entre os irmãos, sem, contudo, deixar de explicitar o sentido do Rei messias.
         Caríssimos irmãos e irmãs, o Evangelho que escutamos há pouco, nos convida a abraçar o diálogo para superar os conflitos. A superação dos conflitos é o indicativo de que nossa vida está se tornando um testemunho profético como anúncio do amor.

         Hoje, talvez, mais do que no passado, se fala do diálogo como caminho para a Paz e a reconciliação. O diálogo sadio e cheio de humanidade é a proposta que Jesus nos oferece hoje no Evangelho. Uma comunidade verdadeiramente profética cultiva o diálogo e o apresenta para o mundo como um bem. Na comunidade, todos somos profetas, até mesmo, os irmãos faltosos. Por isso, saber corrigir com prudência e responsabilidade é um imperativo evangélico. Uma correção contém uma palavra profética, quando, o que corrige é consciente de que, ele também é receptor da profecia que anuncia. Há às vezes, pouca atenção a essa lição dada por Jesus. Justifica-se, às vezes, a correção em nome da verdade. Ora, a verdade é o amor. O amor não fere, diz Paulo, na 1ª carta aos coríntios. O que vai ser corrigido deve antes ser ouvido “em particular, a sós contigo” (v.15), caso não te escute, “toma contigo mais uma ou duas pessoas”, se ainda assim, não te escutar, “dize-o a Igreja”. Há um caminho longo a ser percorrido (v.15) antes de qualquer decisão precipitada. Assim, profecia e correção fraterna, só cabem num contexto de amor; “amor pelos irmãos e irmãs, pela humanidade, pela criação”. Amor cheio de compaixão e misericórdia. A mensagem que o Evangelho nos oferece hoje, deve servir de orientação para s diversas situações que enfrentamos. Amados irmãos, o mundo está dividido pelo ódio e a origem de toda divisão está no fato de que já não se ver no outro um irmão que merece respeito e estima.

         A comunidade profética é chamada a testemunhar a presença do ressuscitado, pois, como nos ensina a lição dada no Evangelho, toda a comunidade compartilha do mesmo Espírito que a anima e a apresenta ao mundo, como o lugar do perdão e da festa. Na força do Espírito, a comunidade profética é formada por pessoas que antes não se conheciam e agora, reunida pelo amor do Senhor, reza e celebra a eucaristia. Queridos irmãos (ãs), agora podemos nos perguntar se estamos de acordo entre nós. O senhor não nos escuta quando estamos em desacordo uns com os outros. Também ele não se manifesta presente onde há divisão, intrigas, falsidade e tramas. Nós sonhamos com um mundo novo, uma comunidade nova, uma Igreja nova, e, quase sempre não nos colocamos dentro desse sonho como agente de transformação. O mundo novo, a comunidade nova, a igreja nova é possível no sacramento da caridade. Necessitamos nos dispor a uma reorganização e restauração contínua do nosso eu em vista da comunhão interpessoal e da transformação da história.

         A mensagem da carta de Paulo aos Romanos aponta para a encarnação da profecia na vida e na história: “Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei” (v. 8). O texto paulino se insere no contexto das obrigações do cidadão em relação às autoridades do Estado, considerando a situação em que vivia a população de Roma sob o imperador Nero levado a excentricidade e extravagâncias. Certamente, alguns cristãos deviam se perguntar se deviam continuar cumprindo com suas obrigações morais em relação ao estado. A resposta que Paulo dá é recordar o mandamento de Jesus que resume o cumprimento de toda a lei, pois, quando não sabemos nas situações difíceis qual a melhor atitude a assumir ou mesmo ainda, quando não temos certeza das escolhas a serem feitas, a referência será sempre o mandamento do amor. Quem ama mesmo quando, incompreendido, perseguido ou caluniado, não erra se está disposto a fazer sempre o bem. Portanto, é um dever de justiça dar ao outro aquilo que é dele, como, respeitar sua honra e pagar suas dívidas. Evidentemente, a única dívida que jamais conseguiremos pagar é a dívida do amor de Deus para conosco. Na questão do amor, fica sempre uma pendência de nossa parte com um convite permanente a abraçar o amor, resumo e cumprimento de todos os mandamentos.

         Com as lições que aprendemos do Evangelho e que ressoam na regra de São Bento sobre o tema da correção fraterna, seja a oração pessoal e comunitária, bem como “uma boa palavra”, a ajuda que podemos oferecer aos que, passando por situações de conflitos, não sabem como orientar aos que devem corrigir, para que este veja na correção feita, a presença profética do amor e da misericórdia.

Obs: minhas homilias eram postadas em meu blog a partir de um link do site oficial da Paroquia Bom Jesus de Riversul desde quando foi criada a página. Mas com a minha saída, o...................... ,(acabo de retirar o nome da pessoa, - 23:38h -por respeito a ela, o respeito que não teve para comigo, mas certamente vocês sabem quem ela é) em conversa com o atual pároco, achou  ser isso um inconveniente, ou como me disse pessoalmente a pessoa em questão, uma invasão de privacidade, tendo como consequências o cancelamento da página citada. Agora você poderá acessar diretamente no meu blog: homiliaspebasilio.blogspot.com.

Só quero dar a minha contribuição para o processo de Evangelização , fazendo uso dos novos recursos que os Mass media nos oferecem.

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