sábado, 8 de outubro de 2011

"Fica conosco Senhor!"

XXVII do Tempo Comum - Ano A



XXVII Domingo do Temo Comum – Ano A
"A Vinha do Senhor é a Casa de Israel!"
Isaías 5,1-7
Salmo 79.9.12.13.1415.16.19.20
Filipenses 4,6-9
Aclamação ao Evangelho
Aleluia 3x – Jo 15.16
Evangelho 21,33-43
Queridos irmãos,
Queridas irmãs,
O tema da Vinha reaparece novamente na liturgia de hoje com o objetivo de mostrar os saborosos frutos que a vinha deve produzir, nesse caso, frutos de justiça e de direito.
Na verdade, o tema da Vinha quer nos falar do profundo amor de Deus pela humanidade. Isso se torna claro pela forma como o profeta Isaías se serve de um poema para falar da vinha de um amigo seu.
Sim, a Vinha do Senhor é a casa de Israel! O povo eleito é a dileta videira do Senhor, não por ser o melhor povo entre os povos da terra, na verdade é um povo pequeno e insignificante frente aos outros.Mas é o povo pelo qual o Senhor demonstra uma afeição especial, escolhendo-o para ser "Luz" entre as nações.
Na verdade, sob a forma de parábola, o profeta canta o cântico da vinha de um amigo seu em tom de acusação contra Israel. Primeiramente o cântico descreve o amor zeloso do dono da vinha. Ele limpa e prepara o terreno em "fértil encosta", constrói um muro de proteção, uma torre de guarda, um lagar para pisar as uvas e do Egito, transporta a sua videira querida (salmo 79,9). Claro que, o amor do amado, isto é, o senhor da vinha, espera frutos de amor – "até o mar se estenderam seus sarmentos, até o rio os seus rebentos se espalharam" (Salmo 79,12). Todo amor espera ser correspondido – "Esperava que ela produzisse uvas boas, mas só produziu uvas selvagens" (v.2). Seu projeto foi por água abaixo. A partir daqui, Deus toma a Palavra para censurar a falta de correspondência ao seu amor por parte da vinha, bem como nos mostrar as conseqüências da ingratidão: "Vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro...; vou deixá-la inculta e selvagem..." (vv.5-6). Como conclusão: o povo que haveria de dar frutos de justiça e fidelidade por ser vítima do sofrimento em terra estrangeira, facilmente se esqueceu do compromisso e da aliança quando se viu em melhores condições. Justiça e direito quando são deixados de lado, a vida de um povo está destinada ao fracasso.
Em Jerusalém, no interior do templo, Jesus retoma esse tema em seu diálogo com os sumos sacerdotes e anciãos do povo. É mais uma parábola que Jesus lhes conta. "Escutai essa outra parábola" (v.33). Veja, ele pede para escutar. Sabemos que escutar é mais do que ouvir. "Trata-se de parábolas de confronto e de conflito entre o Mestre da justiça e os promotores da sociedade injusta. Na parábola de hoje, são eles os vinhateiros. Não só não produzem frutos de justiça e direito, mas impedem que os mensageiros (os profetas) suscitem no povo esses mesmos frutos"(vida pastoral, Set / Out 08. P.52).
Vejamos como o projeto da vinha é retomado. "Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar..., arrendou-a a vinhateiros e viajou para o estrangeiro" (v.33). Todo cuidado e zelo do proprietário da vinha revelam que ele não quer nada para si, antes quer doar de si, isto é, a sua parte. O Pe. Bortolini, na já citada revista, acrescenta – "A historia é o tempo e o lugar onde Deus quer colher frutos de justiça e de direito". O momento da colheita e, conseqüente devolução da parte do proprietário, é marcada por um grande sentimento de egoísmo, aliado da inveja, que gera, espancamento de uns, apedrejamento de outros, bem como assassinato de outros. Mata-se a todos, isto é, os profetas, para que eles não "suscitem no povo" os frutos da justiça e do direito.
Em seu Filho, que como todos os profetas, também será espancando, morto e, jogado para fora da cidade, Deus retoma o seu projeto original. Ele que havia abandonado a sua vinha, volta agora ao seu encontro para refazê-la na pessoa do seu Filho, pedra angular, isto é, pedra principal que fora jogado fora da vinha. O Senhor abandona a sua vinha por um período provisório, a fim de voltar no momento oportuno na pessoa do seu Filho a fim de dar a sua vida pela vinha. Só o seu amor pela vinha poderá fazer ela produzir os frutos do direito e da justiça como expressão de fidelidade à aliança. Na verdade, a união do Filho com a vinha se tornam uma união esponsal, uma vez que a vinha é símbolo do amor. Unida ao esposo, a vinha dará os frutos esperados.
De fato, o esposo da vinha, espera uma atitude dos que o escutam. Mas como eles partem do principio de que é legitimo matar e tomar a vinha para dá-la a outros, isto é, dar continuidade ao que eles já fazem, Jesus declara solenemente: "O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos" (v.43). Isso se dará sem violência da parte do proprietário. Mas nos perguntemos agora: "Em nossa vida diária não há algum tipo de cumplicidade" com os vinhateiros homicidas? O que temos feito na prática pelo estabelecimento da justiça e do direito no mundo atual? A Palavra de Deus nos questiona muito. O fato de sermos cristãos não nos garante o Reino. Somos escolhidos para sermos sinal do amor, da misericórdia e da salvação de Deus. É preciso provar essa escolha de Deus com frutos e ações concretas de justiça e direito. Ser Cristão é dar a vida"(Roteiros homiléticos, CNBB, Set / Out / Nov. Ano A – 2008 ).
Esta Parábola nos ensina a paciência de Deus. Ele tem paciência com o povo. "Finalmente, envia seu ‘Filho amado’, Jesus, para no-lo revelar e dar contas a ele. Mesmo que alguns o rejeitem e alguns de nós continuemos a fazê-lo, Deus ainda não expulsou os arrendatários. Mas a parábola nos diz que chegará o tempo em que, como o dono da vinha, a paciência de Deus terminará e seremos chamados a dar conta da nossa administração da vinha" (John L. McLaughlin, Parábolas de Jesus, Ed. Ave Maria. P.88).
Paulo, Apóstolo missionário, apaixonado por Jesus Cristo Crucificado, escrevendo aos Filipenses recomenda não ser necessário inquietar-se, perder a cabeça diante dos obstáculos, mas, com orações e súplicas, apresentar a Deus na Eucaristia, o que cada um precisa, pois a Paz e a justiça, brotam da Cruz. Esses são os primeiros e grandes frutos da nova vinha.
Para finalizar essa reflexão, a Palavra de Deus, proclamada e partilhada, nos convida a levantar os olhos para Cristo e, com os discípulos de Emaús, fazer nossa a sua súplica: "Fica conosco Senhor".



 


Pe. Basílio J. Ilton Alves, O. Cist.

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