sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Meditação Litúrgica



Sexta-feira 21 de Outubro de 2011
Ao longo da semana, estou postando em meu blog uma série de reflexões, acolhendo, assim, as inspirações e o sopro do Espírito em minha participação no retiro anual da nossa comunidade.
Hoje chegamos ao final do retiro. Mas, antes, gostaria de poder partilhar dessa riqueza com aqueles e aquelas que me acompanham. Para ajudá-los (as) na reflexão, disponibilizo também os textos bíblicos da liturgia de hoje.
Primeira leitura (Romanos 7,18-25a
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.

Irmãos, 18estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois eu tenho capacidade de querer o bem, mas não de realizá-lo. 19Com efeito, não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. 20Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim. 21Portanto, descubro em mim esta lei: Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.
22Como homem interior ponho toda a minha satisfação na lei de Deus; 23mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei da minha razão e me aprisiona na lei do pecado, essa lei que está em meus membros.
24Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? 25aGraças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus. — Ensinai-me a fazer vossa vontade!
— Ensinai-me a fazer vossa vontade!

— Dai-me bom senso, retidão e sabedoria, pois tenho fé nos vossos santos mandamentos!
— Porque sois bom e realizais somente o bem, ensinai-me a fazer vossa vontade!
— Vosso amor seja um consolo para mim, conforme a vosso servo prometestes.
— Venha a mim o vosso amor e viverei, porque tenho em vossa lei o meu prazer!
— Eu jamais esquecerei vossos preceitos, por meio deles conservais a minha vida.
— Vinde salvar-me, ó Senhor, eu vos pertenço! Porque sempre procurei vossa vontade.
Salmo Responsorial
Evangelho Lucas 12,54-59
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 54Jesus dizia às multidões: "Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?
58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. 59Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo".C
Palavra da salvação.
Glória a vós Senhor
(Fonte dos textos bíblicos: Canção nova).
Jesus se encontra diante de um grupo adversário. Todos sabemos que não é fácil convencer o adversário de seus planos maus, pois ele está fechado sobre si mesmo. Não é capaz de enxergar além de seus próprios horizontes, mergulhando cada vez mais numa verticalização que o conduz a separação dos outros, aos quais exclui e combate como seu inimigo.
Aliás, são pessoas muito perspicazes, mas disfarçadas de bondade. Percebem os sinais da natureza e os compreendem. Mas por estarem tão fechadas em seu egocentrismo, falta-lhes a capacidade de perceber os apelos do Espírito, tornando-se incapazes de interpretar os sinais do tempo presente. Consequentemente, podem ser boas em muitos assuntos, mas não conseguem chegar ao conhecimento do Reino de Deus. É a esse grupo que Jesus dirige o seu convite a conhecer os sinais do tempos, a fim de descobrir na história, os sinais da presença e da vinda de Deus. Hoje a ciência explica quase todos os fenômenos da natureza. Mas ela não é capaz de explicar os sinais da salvação. Só os descobre o homem que entra no laboratório da fé e lá, acolhe cada dia o mistério de Deus que continua se revelando.
O centro da mensagem evangélica está no homem que vai até o juiz na expectativa de receber justiça porque seu inimigo o prejudicou. Aqui devemos nos perguntar: quem é esse homem? Facilmente o identificamos como uma outra pessoa. Mas, na verdade, esse homem é cada um de nós que devemos comparecer diante de Deus para prestar-lhe contas de nossos atos, ações, inclusive, da nossa vida.
Os mistérios da Salvação, e, lembro, que estamos meditando neles ao longo do nosso retiro, nos convidam a conversão,a uma mudança radical no nosso jeito de pensar e encarar as coisas. Logo, percebemos que temos medo dessa mudança. Mas, aqui, o juíz é uma imagem de Deus. Ele espera a nossa conversão. Por isso Jesus insiste na necessidade do homem reconciliar-se com o adversário, isto é, ele próprio, antes de apresentar-se ao juíz. O reconciliar-se aqui está ligado a idéia da conversão sincera, "a fim de que, intervindo a misericórdia de Deus, ao conceder o perdão, não tenha de intervir justiça".
A menssagem evangélica encontra eco na carta aos romanos, primeira leitura da missa de hoje. Paulo constata a ausência do bem em sua carne, ao mesmo tempo em que, rconhece que acaba fazendo o mal que não queria, pois o pecado, é realidade presente em nossa condição humana. É pela renovação da nossa opção pelo Senhor, que podemos nos afastar do mal e nos dedicar a prática do bem. É daqui que brota nosso anseio pela libertção da trágica situação de pecado em que nos encontramos, libertação operada por Cristo. A saída, portanto é, "sair de nós mesmos, reconhecer nossa incapacidade" e procurar no Senhor nossa segurança, com a certeza da fé que nos ensina a rezar: "Sois o meu refúgio e fortaleza, torre forte na presença do inimigo" (Sl 60/61,v.4).
 
Em nosso último encontro com o pregador do retiro, não meditamos nenhuma tema específico, pois ele preferiu partilhar sua experiência de vida conosco, desde a abadia de Spencel nos EUA onde entrou aos 28 anos de idade, após ter sobrevivido como soldado na segunda grande guerra mundial, onde atuou como membro da tripulação aérea no combate dos aliados contra a Alemanha. Mas a graça divina o levou ao mosteiro, onde vive empenhado no trabalho de conversão. Mas para concluir, nos lembrou o que já havia dito no início: "A nossa identidade é a imagem de Deus". Retomando a carta de Paulo aos Efésios 1, 11 disse ainda que somos chamados para viver no amor. E acrescentou: " A vida monástica é uma maneira de reformar em nós a imagem de Deus que foi deformada pelo pecado". Nossa Senhora, a mãe do divino amor e da divina graça, que esteve conosco desde o início do retiro, continuará sendo modelo de amor e serviço em nossa vocação.
Em toda a nossa vida temos uma missão e depois temos que prestar contas a Deus da nossa administração.

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