quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quarta-feira de XXIX Semana do Tempo Comum

19 de Outubro de 2011 - S. Paulo da Cruz
A Igreja celebra hoje a memória litúrgica de São Paulo da Cruz. Primeiramente viveu sua vocação de consagração a Deus como Eremita. Depois, dedicou-se ao trabalho missionário colocando a Paixão de Cristo no centro da sua pregação. É o fundador da congregação dos Passionistas.
O Evangelho contém um convite a vigilância. Por isso, se faz necessário um urgente empenho no trabalho da conversão pessoal e comunitária.Jesus não quer nos assustar e causar pânico. Porém, sua vinda no fim dos tempos é certa, embora, não se saiba o dia nem a hora. Todavia, o Senhor já veio uma primeira vez na encarnação. Celebramos esse mistério no natal. Virá uma segunda vez, definitivamente no fim dos tempos. Mas, ele vem todos os dias para nós. São Bernardo chama essa terceira vinda de intermediária. Podemos, pois, dizer, que ele vem e está presente em nosso meio, na Palavra, na Eucaristia, nos irmãos, na comunidade. Ele costuma nos visitar também nos pobres. A certeza dessa sua presença, nos consola e anima.
Na primeira conferência dessa manhã, o tema foi o "Mistério da Epifania" (Mt 2)

Epifania: revelação, manifestação. A Epifania acontece em três momentos:
1.Na visita dos magos.Eles oferecem presentes ao grande Rei.
2.Batismo de Jesus. O Pai fala sobre o seu Filho e convida a humanidade a ouvir a sua Palavra.
3.Caná. No casamento, Jesus se revela como o messias ao manifestar a sua glória ao transformar a água em vinho e vinho novo.
Na Regra, São Bento nos ensina que a presença divina está em toda parte, sobretudo, quando estamos reunidos em oração, durante o ofício divino.Por isso, a vocação do monge é uma vocação para o louvor divino. O monge busca viver e crescer na presença de Deus. Começa a admirar Deus. É a contemplação. O louvor começa, pois, da admiração e da contemplação de Deus.
Muitas pessoas se queixam que não sabem rezar. Até nós,monges, sentimos a mesma coisa em algumas situações. Mas se perseverarmos na oração do ofício divino, que é escola de oração, certamente aprenderemos a rezar. O monge reza em comunhão com toda a Igreja. Pela oração,manifesta sua solidariedade com as necessidades e sofrimentos de todo o corpo místico (Igreja). Jesus continua dirigindo sua oração sacerdotal ao Pai através da Igreja, sua esposa. Como corpo, a Igreja torna atual a oração de Jesus e a apresenta ao Pai pelo Filho, na unidade do Espírito Santo. Essa oração é de: louvor, agradecimento, adoração, súplica. Assim, quando dois ou três se recolhem em oração, ou até mesmo uma comunidade religiosa e monástica, ela se associa a oração de todo o corpo,uma vez que,naquela hora em que rezamos ou celebramos a Eucaristia, em qualquer parte do mundo, há pessoas rezando e celebrando o mistério eucarístico da salvação.
Conferência da Tarde
"Vida escondida de Jesus em Nazaré"
Lucas 2,41-52
Jesus viveu 30 anos em Nazaré, antes de iniciar sua vida pública.Quando retorna de Jerusalém com os pais, Maria e José, o evangelista diz que, "desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso", ao mesmo tempo em que, "crescia em estatura, em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2,51-52).
Segundo nosso pregador de retiro,Pe. Francisco, "a vida oculta de Jesus, é um mistério negligenciado".É um convite a explorarmos mais esse mistério através da "Lectio Divina.A Cristologia nos fala da divindade de Jesus e sua humanidade. Uma não diminui a outra. Jesus é Deus,mas é também humano. A Palavra, o Logos, se fez carne e habitou entre nós.Agora como humano, precisa aprender a ser humano. Essa é a resposta a pergunta levantada acima. Em Nazaré, Jesus aprendia a ser humano na companhia dos pais, pois "a Palavra de Deus tinha que comunicar a Palavra de Deus, com palavras humanas.Nazaré, é, portanto, a escola, onde Jesus aprende a ser humano.Lá ele cresce em sabedoria e graça. Dessa forma,seus atos são também divinos,pois ao assumir a nossa humanide, não perdeu a divindade. Cada gesto seu é cheio de dignidade que ele quer comunicar aos homens.
No mosteiro, o monge, é chamado a desenvolver a espiritualidade sapiencial. Aqui falamos da Sapientia que não é aquela acadêmica, mas a do saber vivencial que se adquire ao longo dos anos.
Maria teve um papel importante na formação humana de Jesus, bem como seu pai adotivo São José.A condição feminina de Maria, na companhia de quem Jesus passou boa parte do seu tempo, o fez perceber como ela se relacionava com as outras mulheres. Certamente a acompanhou em muitas viagens ao poço para buscar água para casa e, possivelmente é lá que Jesus aprende a desenvolver um grande respeito pelas mulheres, como o veremos posteriormente no seu encontro com a mulher Samaritana (Jo 4). Por outro lado, Jesus se relacionava bem com os homens, inclusive, pescadores e pecadores.Pela condição profissional do pai que precisava ir às casas para combinar trabalhos e fazer orçamentos,José era uma excelente pessoa no contato com os outros homens. Dele, certamente, Jesus terá aprendido a manifestar grande respeito e consideração pelo homem. Maria,é mulher cheia de confiança. Ela a comunica a Jesus.Na casa judaica, era responsabilidade do ensinar a religião ao filho. Com ele Jesus aprende a TORÁ.Sim,Jesus vive um processo humano normal de aprendizado. Mas é no contato cotidiano com a Palavra de Deus que, o Verbo encarnado, lendo sobretudo Isaías, descobre sua identidade de Messias-Servo, ao mesmo tempo em que descobre sua própria identidade de homem Deus.Dessa forma, toda a vida de Jesus era orientada para Deus. Sua vida oculta pode estimular nossa estabilidade no mosteiro.A vida monástica escondida, portanto,tem grande valor, mas exige muita fé. Ela deve ser vivida sob o olhar de Deus.

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