segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Meditação

Hoje a Igreja celebra a memória litúrgica de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir ( Síria - 50-107), terceiro bispo de Antioquia e sucessor de Pedro naquela Igreja. Sua sorte não poderia ser diferente daquela enfrenta por Jesus. Perseguido pelo imperador Trajano, foi conduzido a Roma, e aí, no ano 107, "recebeu a gloriosa coroa do martírio", sendo devorado pelas feras selvagens. Durante sua romaria em direção a Roma, podemos vê-lo como uma testemunha de esperança e de amor apaixonado por Jesus Cristo e sua Igreja através da 7 cartas que escreveu as várias Igrejas. Na carta aos romanos, escreve: "não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus".
Hoje iniciamos o nosso retiro anual aqui na abadia de Itaporanga. O pregador é um monge trapista de 88 anos de vida. Um americano que entrou num mosteiro cisterciense trapista nos EUA há 61 anos atrás. Depois foi para o mosteiro de Azul na Argentina, onde viveu catorze anos e depois desse período veio ao Brasil onde se encontra no mosteiro trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente - Pr. É a segunda vez que vem a Itaporanga como pregador de retiro. O conheci pela primeira vez em 1987, quando aqui pregou retiro para a mesma comunidade. Na época, eu era um jovem noviço. Já se passaram 25 anos.
Na introdução feita na primeira colocação na tarde de hoje, partindo do texto da carta de Paulo aos Efésios 1,11 - lembrou-nos que nossa vocação é uma vocação de amor e, que, portanto, nosso destino, já antes da fundação do mundo, é ser salvos pelo amor. Por isso a história da Salvação começa com alegria. Isto se verifica quando o anjo anuncia a Maria que ela seria a mãe do Verbo encarnado. Maria, é a cheia de graça. Cada vez que mergulha no mistério do amor de Deus, fica mais cheia de graça ainda.
Com essa colocação, quis o pregador mostrar que nossa vida e nossa vocação de cistercienses se apoia nos mistérios de Cristo. Vivendo nossa vocação monástica como uma pedagogia mistagógica, podemos continuar no seguimento de Jesus, até chegarmos a atingir a nossa identidade que é, a nossa união com Cristo.
Não ter medo, é o pensamento que devemos ter sempre presente ao longo do caminho, pois Deus pensa em nós com amor, tem um plano para cada um de nós. Hoje estamos aqui experimentando a graça do seu amor.
São Bento define o mosteiro como uma escola do serviço do Senhor, onde os irmãos se amam e se servem na caridade. Penso no mosteiro como uma cidade, a cidade de Deus, onde nela se encontra tudo que o monge precisa para viver sua vocação de amigo de Deus e da humanidade. De seus muros deve irradiar para o mundo, um testemunho vivo de esperança.Diante de tantos fracassos e desilusões que experimentam os homens e as mulheres de hoje, os monges devem oferecer-lhes um testemunho da sua fé, esperança e caridade.
Por isso, o Evangelho de hoje ao relatar o pedido que um jovem faz a Jesus para que ele reparta a herança a qual os dois tem direito, Jesus o convida a olhar para os bens que não se perdem. Olhar para esses bens e buscá-los cada dia pela entrega da nossa vida que é marcada por sofrimentos e renúncias, é a verdadeira riqueza que o homem deve lutar para não perder.

Santo Inácio de Antioquia
 

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